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Xico Graziano analisa "catastrofismo" de Greta Thunberg

Inteligência vai superar pessimismo; história nos mostra isso


Greta Thunberg ganhou as manchetes dizendo que seus sonhos foram roubados. A jovem ativista sueca se mostra apavorada com o aquecimento planetário. Eu lhe diria: "acalme-se Greta. Nós escaparemos dessa tragédia". Minha calma decorre do aprendizado da história. Previsões catastróficas, relacionadas ao ambiente humano, alarmam a população há tempos. Jamais, porém, se concretizam. Acabam desmentidas em decorrência do avanço tecnológico. Ou pela sensatez. A primeira, e mais famosa, previsão catastrófica sobre a humanidade foi feita há mais de 2 séculos, por Thomas Malthus. Todos os alunos a conhecem. O demógrafo inglês escreveu que haveria 1 descasamento entre o crescimento populacional e a produção de alimentos. Era 1802. A população atingira seu primeiro bilhão de habitantes. Segundo Malthus, haveria somente uma saída para espantar o espectro da fome no mundo: o controle populacional. Nenhum país o ouviu. Mas não aconteceu nada de grave. Hoje somos 7,7 bilhões de habitantes. E chegaremos, diz a ONU, a 10 bilhões de seres humanos até 2050. A expansão das áreas agrícolas e do processamento de alimentos, junto com a elevação da produtividade da terra, foram capazes de suportar o crescimento da população. Malthus estava errado. Acabou vencido pela agronomia. A segunda previsão catastrófica sobre o futuro da humanidade chegou em 1972. Naquela época, todos se preocupavam com a finitude dos recursos naturais da Terra. O petróleo acabaria na virada do século. Minerais se tornariam escassos. Água e ar se poluiriam. Com apoio de técnicos do MIT (Massachusetts Institute of Technology), o conceituado Clube de Roma impactou o mundo ao anunciar o resultado de seus estudos. O relatório "Limites do Crescimento" previa 1 colapso civilizatório em algumas décadas. Duas foram as recomendações do Clube de Roma frente à situação: a) as nações deveriam frear sua expansão econômica e adotar o "crescimento zero" e, b) realizar o controle da natalidade para reduzir a demanda por recursos naturais. Nenhum país realizou tais tarefas. E o colapso não ocorreu. Mais uma vez, os pensadores do futuro desprezaram a força da inteligência humana. O avanço tecnológico superou o drama da escassez de recursos naturais. Hoje ninguém mais acha que o petróleo vai acabar. Terceiro caso. Em 1985, os cientistas do ambiente deram 1 alerta geral dizendo que se formara 1 tremendo buraco na camada de ozônio do planeta. Localizado no Polo Sul, sua expansão permitiria que os raios ultravioletas causassem câncer epidérmico em massa. Todos ficamos temerosos. Ditos responsáveis pelo terrível fenômeno, os gases clorofluorcarboretos (CFCs) foram proibidos (Protocolo de Montreal) de serem utilizados nos processos industriais. Há controvérsias sobre a efetividade dessa medida. O fato é que o buraco na camada de ozônio se reduziu. Ainda existe, mas acabou esquecido. Na área da medicina, volta e meia surgem perigos gravíssimos as "pandemias". A mais recente delas foi a da gripe aviária. Em 2009, especialistas estimaram as mortes em até 7 milhões de pessoas. Apenas no Brasil haveria 18 milhões de atendimentos médicos. Balela. Cerca de 300 pessoas morreram ao redor do mundo. Felizmente. Destacar tragédias é uma antiga tendência na mídia. Sempre disseram que notícia ruim vende mais jornal. Qualquer que seja a razão, é inequívoco: basta surgir uma hipótese, sobre 1 problema que afeta a população, que a manchete recai, sempre, sobre o pior cenário. Jornalistas adoram catástrofes. A bola da vez agora está no aquecimento do planeta. Cientistas sustentam que o acúmulo de gases de efeito-estufa (GEEs) na atmosfera está promovendo mudanças de clima e afetando fenômenos naturais, tornando-os extremos. O derretimento das geleiras irá elevar o nível dos mares. Só coisa ruim. Acompanho esse assunto desde 1988, quando saiu o primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Em 2009, eu estava presente na Conferência do Clima, realizada em Copenhague, quando Al Gore afirmou que o Ártico se derreteria em 5 anos. E arrematou: "A hora é agora". Foi chocante. Mas não ocorreu. Defendo ardorosamente a substituição de energias fósseis pelas energias renováveis, sejam bioenergias, sejam eólica ou solar. São limpas. Sinceramente, acho que a era do sujo petróleo está acabando. Quem indica é o jogo feroz da competição global. Na economia, claro. Também julgo que a época do desmatamento, no Brasil e no mundo, está sendo finalizada. Assistimos aos seus últimos rompantes. Dentro de uma década, ou pouco mais, estará fora da agenda, tornando-se residual. Não precisaremos mais ocupar novas áreas para produzir alimentos. Acredito, e aqui reside o x da questão, que o avanço no conhecimento científico e tecnológico permitirá, sempre, superar os dilemas civilizatórios. Não significa cruzar braços, mas sim trabalhar com otimismo. Assim digo à Greta: a inteligência humana, novamente, vencerá o pessimismo ambientalista. Quem viver, verá.

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