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Sete perguntas sobre as eleições presidenciais - por Xico Graziano


Vai começar a campanha eleitoral mais incerta da história política brasileira. Ninguém, com isenção, arrisca dizer quem vencerá. Sobram dúvidas no horizonte. Uma grande incerteza recai sobre a sobrevivência, ou não, do atual sistema político. O famoso presidencialismo de "coalizão", que aos poucos se transformou, como disse FHC, em presidencialismo de "cooptação", vive estrebuchando no lamaçal da corrupção, repudiada pela sociedade. Não se vislumbra o país brilhar adiante sem alterar a relação deformada, muitas vezes promíscua, estabelecida entre o Congresso Nacional e o Executivo. Tudo se acochambra em nome dessa encrenca eterna chamada "governabilidade". Para formar maioria no Congresso, e conseguir implantar seus projetos, o presidente da República precisa negociar com os Partidos e suas bancadas. No mundo inteiro ocorre assim. O problema é que, no Brasil, compor o governo se transformou em negócio. Vendem-se as canetas do poder. Daí nasceu o fisiologismo e a corrupção sistêmica. Vem de longe esse terrível defeito de nosso sistema democrático. Lembro-me, certa vez, quando Luiza Erundina venceu as eleições de São Paulo (1988) que, para entrar na gestão municipal, o então Partido Comunista Brasileiro logrou o comando do Serviço Funerário da capital paulista. Totalmente esdrúxulo. Esse verdadeiro câncer político, que se instala até nas compras de caixão de defunto, cresceu sem parar contaminando a política qual metástase. Quando se imaginava que, com Lula no Planalto, tudo mudaria, foi aí então que tudo piorou. O PT não apenas não rompeu com o sistema, como o alimentou, engordando-o ao infinito. Até chegar a operação Lava Jato. Esse é o pano de fundo da tragédia política nacional. Nesse contexto, cabem 7 perguntas sobre o processo eleitoral: 1ª pergunta: quem, dos principais candidatos à Presidente, rompe com esse sistema político ultrapassado? Aparentemente, Jair Bolsonaro e Marina Silva. Dentre os menores, João Amoedo; 2ª pergunta, de resposta mais difícil: se um deles vencer, consegue governar sem negociar apoio do recém-eleito Congresso? Com certeza, não. Isolar-se no poder significaria assobiar para um novo impeachment; 3ª pergunta, a pior de todas: dá para negociar com o Congresso e formar maioria, sem favorecer aqueles que gostam de meter a mão no dinheiro público? Enigma total; 4ª pergunta: pensando ao contrário, qual candidato poderá vencer por dentro do sistema Resposta: Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Fernando Haddad. Em faixa própria, corre Álvaro Dias; longe está Henrique Meirelles. Todos eles, independente do campo ideológico, são frutos do modelo político dominante; 5ª pergunta: algum desses, se eleito, conseguiria modificar essa relação prostituída entre os poderes da República, que garante governabilidade às custas da negociata? Tomara que sim, mas nada indica; 6ª pergunta: qual será o determinante fundamental do voto dos indecisos, que constituem a maioria, a 50 dias das eleições? Tudo aponta que o eleitorado vai escolher o "menos pior". Ou seja, o voto se decidirá pela rejeição; 7ª pergunta: faço minha a dúvida muito bem levantada por Mário Rosa: "quem ganhará as eleições, a televisão ou as redes sociais"? Se a TV for decisiva, Geraldo Alckmin deverá vencer, mantendo o sistema. Se mandarem as redes, dá Bolsonaro ou Marina. Cai o sistema. É como uma complexa equação matemática, que depende de elucidar várias incógnitas políticas. Algumas delas poderão perdurar após as eleições. Ou seja, a vitória eleitoral de quem quer que seja não significará a solução final do enigma político brasileiro. Continuaremos sofrendo ainda por um bom tempo. Até que surja uma verdadeira liderança que galvanize o país. Não será desta vez.

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