Em setembro de 2000, Cláudio Roberto de Souza tinha 27 anos. Nascido em Teresina, capital do Piauí, o velocista estava em Sydney e fazia parte da equipe brasileira que viria a fazer história no revezamento 4x100m naquela edição dos Jogos Olímpicos.
Nas eliminatórias, Cláudio Roberto correu ao lado de Vicente Lenílson, Edson Luciano e André Domingos. A partir da semifinal, ele foi substituído por Claudinei Quirino, que manteve o alto nível do quarteto brasileiro até a decisão. Na final, dia 30 de setembro, Cláudio Roberto assistiu das arquibancadas do Estádio Olímpico o quarteto formado pelos colegas Lenílson, Edson, André e seu substituto Claudinei Quirino finalizarem a prova em segundo lugar. O time verde e amarelo só ficou atrás dos americanos (37s61) e logo à frente de Cuba (38s04). Prata, a mais valiosa das quatro medalhas olímpicas do Brasil em revezamentos (além dessa prata de 2000, são três bronzes, um em 1996 e dois em 2008).
Segundo o próprio COI (Comitê Olímpico Internacional), Cláudio teria direito à medalha mesmo participando apenas das eliminatórias. A entrega só não ocorreu naquele dia porque o protocolo restringia a cerimônia aos quatro atletas da final. Só que, por vários motivos, a espera acabou sendo bem maior do que o atleta imaginava.
Foram 20 anos aguardando. Mas, em breve, será a vez do piauiense sentir o gosto de colocar a medalha no peito. Após pedido de reavaliação do caso por parte do COB (Comitê Olímpico do Brasil), o COI confirmou nesse final de semana que a medalha será entregue ao brasileiro.
A data e o local da cerimônia não estão definidos em razão da pandemia do novo coronavírus. "Vamos reparar uma injustiça histórica. Sempre o consideramos medalhista olímpico, mas faltava o Cláudio receber a medalha que lhe é de direito. Sua participação naquele revezamento foi fundamental para o Brasil chegar à decisão e depois conquistar a medalha de prata", afirma o presidente do COB, Paulo Wanderley.
Cláudio, hoje com 46 anos, afirma que nunca desistiu de receber a medalha. "Tenho orgulho daquele time ter ganhado a medalha. Fiz parte daquilo tudo, corri com eles. São vinte anos à espera dessa carta de confirmação. Só tenho a agradecer".
A busca pelo reconhecimento recomeçou em 2019, quando o vice-presidente do COB, Marco Antônio La Porta, se encontrou com Cláudio em Teresina. Após uma troca de mensagens, apresentação e análise de provas e documentos, o COI respondeu afirmativamente ao pedido brasileiro dizendo que a medalha será entregue até o fim do verão europeu desde ano, em setembro.
"Assim que o COB receber a medalha enviada pelo COI, providenciaremos uma cerimônia de entrega da medalha à altura do feito do Cláudio Roberto. O Comitê tem trabalhado para valorizar a memória do esporte olímpico brasileiro e, sem dúvidas, essa homenagem fará jus a um dos grandes velocistas do Brasil", completou Paulo Wanderley.
"A sensação de receber a medalha é maravilhosa. Eu busquei essa medalha durante anos e, de repente, ela vai chegar ao meu peito. Nunca perdi a esperança, mas sempre conduzi de uma maneira tranquila. Esse é o meu jeito. Agora é esperar mais uns meses até essa medalha chegar até mim. Já tá confirmado, já é oficial e estou numa felicidade bem grande", concluiu Claudinho, como o ex-atleta é conhecido pelos colegas.
Agência Brasil