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Mercedes está a um passo do sexto título de construtores


Um dos itens mais importantes que a Mercedes vai levar para o Japão neste fim de semana é um conjunto de camisetas. Nelas, estarão em destaque frases comemorativas do sexto título consecutivo do campeonato mundial de construtores ou de única campeã desde a introdução dos motores híbridos, em 2014. Pode até ser que esta conquista não venha neste domingo, no Grande Prêmio do Japão, mas certamente não escapará em uma das provas restantes. Com cinco corridas pela frente, a equipe alemã contabiliza um total 571 pontos, 162 a mais do que os 409 que tem a Ferrari, a segunda colocada e a única ainda em condições matemáticas de alcançar a Mercedes. Pelo sistema de pontuação atual, o máximo que uma escuderia pode conseguir em um fim de semana são 44 pontos: os 25 da vitória somados aos 18 do segundo lugar e ao ponto extra da volta mais rápida. Como ainda restam cinco etapas, o máximo que uma equipe pode conseguir são 220 pontos - e para isso, ela precisa que seus pilotos façam cinco dobradinhas e um deles estabeleça a volta mais rápida em cada uma delas. Se a Ferrari conseguir este improbabilíssimo feito, chegará a 629 pontos. Nesta hipótese, a Mercedes precisaria marcar 58 pontos em cinco corridas, o que seria obtido chegando quatro vezes em quarto lugar, posição que vale 12 pontos, e uma em quinto, que vale 10. Ambas estariam então empatadas e a Mercedes seria declarada campeã por somar 11 vitórias, três a mais do que teria a Ferrari. PARA HAMILTON, A ESPERA É MAIOR Já no Mundial de Pilotos, a decisão não virá antes do GP do México, a etapa seguinte à do Japão. Primeiro colocado, Lewis Hamilton tem 322 pontos, 73 a mais do que os 249 do seu companheiro de equipe e vice-líder Valtteri Bottas. Se um piloto vencer uma corrida e estabelecer a volta mais rápida, ele receberá 26 pontos, o que levaria Hamilton a ampliar para 99 sua diferença para Bottas caso o finlandês não marque nenhum no Japão. Mesmo assim, o título não estaria garantido, já que nas quatro provas restantes serão possíveis 104 pontos. Esses números, porém, já bastam para afastar o temor de alguns de que a Mercedes encare as provas restantes como uma simples complementação de um campeonato já definido. Não lhe faltam motivos para olhar com muita atenção o que pode vir pela frente. Um exemplo é a forte evolução da Ferrari, que hoje conta com um carro que a Mercedes só conseguiu superar em uma das quatro últimas corridas - assim mesmo pela estratégia, não pelo desempenho. Outro, a Red Bull, que tem a seu favor a intensa preparação que a Honda, sua fornecedora de motores, vem fazendo para sua corrida de casa, o GP do Japão. Ainda soa em seus ouvidos a reclamação de Fernando Alonso em 2015. Era o primeiro ano do retorno da montadora japonesa à F1, onde construíra uma história de glórias em associação com a McLaren. De novo ligada à equipe inglesa, ela se viu humilhada mundialmente pelo bicampeão espanhol, que comparou seu motor ao da GP2, uma categoria de acesso. Neste fim de semana, os carros da Red Bull usarão a quarta especificação do motor Honda - que terá sua potência aumentada por uma nova composição da gasolina, preparada sob medida para as solicitações do circuito de Suzuka. Não se espera que isso seja suficiente para que Max Verstappen e Alex Albon disponham de potência equiparável à das Ferraris de Chales Leclerc e Sebastian Vettel - mas se conseguirem se manter próximos das Mercedes no primeiro setor e das Ferraris no terceiro, os carros azuis podem adiar a decisão dos dois títulos mundiais. NA TEORIA, EQUILÍBRIO ABSOLUTO Na teoria, Suzuka equilibra as possibilidades das três grandes. As sete curvas do primeiro setor, onde se destaca a sequência de curvas em S, acredita-se que seja terreno da Red Bull; no segundo setor mistura trechos de aceleração forte com uma curva de baixíssima velocidade, o Grampo, e uma de média de longa duração, a Colher, espera-se vantagem da Mercedes; no terceiro e no princípio do primeiro estão as principais retas, separadas por uma chicane de baixa velocidade, e lá a Ferrari deve ser a mais forte. A Pirelli prevê apenas uma troca de pneus, já que selecionou os três modelos mais duráveis (C1, C2 e C3). Segundo a fornecedora, essa escolha permitirá que os pilotos andem em ritmo forte durante toda a prova. Isso afetará a estratégia das equipes, principalmente da Mercedes. Como não tem conseguido se equiparar a Ferrari no qualify, pelo menos à de Leclerc, os estrategistas da escuderia alemã têm optado pelos pneus médios para a fase inicial das corridas, enquanto os demais preferem os macios. Aqueles têm maior duração em troca de menor aderência; estes, o contrário. Usar os pneus médios lhe permite fazer a troca mais tarde do que quem optou pelos macios - e se beneficiar caso haja uma eventual intervenção do Carro de Segurança. Se ele vier antes da sua parada nos boxes e depois da dos adversários, é a chance de trocar pneus perdendo bem menos tempo e voltar à pista à frente. Foi isso que lhe permitiu tirar a vitória da Ferrari na Rússia - foi isso também que a manteve fora do pódio em Singapura, quando o Carro de Segurança só entrou depois dela ter feito sua troca. DE OLHO NAS INTEMPÉRIES Todas essas expectativas, porém, podem ser afetadas pelas intempéries comuns no Japão nessa época do ano. As chuvas noturnas são quase uma certeza, elas retiram do asfalto a camada de borracha deixada a cada dia pelos pneus. O resultado disso é que a aderência está sempre mudando, o que afeta o acerto dos carros. Para tornar as dificuldades ainda maiores, a meteorologia já vem alertando para a chegada de um furacão no sábado. Isso pode forçar o retardamento da prova de classificação, adicionando mais uma incógnita a esse grande prêmio. Alheio a tudo isso, Sebastian Vettel dedica essas segunda e terça-feira ao teste de pneus de 2020 que a Pirelli vem fazendo em Barcelona, junto com os pilotos reservas de outras equipes - o que deixa a impressão de que ele quer chegar a Suzuka com os reflexos em dia. Verstappen diz aos quatro ventos que os Red Bull não terão como acompanhar as Ferraris em Suzuka, o que para alguns é uma admissão da verdade e para outros é um sinal de que ele planeja surpreender os adversários. E Lewis Hamilton diz que poderia melhorar a Ferrari caso se transferisse da Mercedes para lá, mas diz em seguida que isso nunca acontecerá. Pelo que se vê, há muito o que esperar desse fim de semana no Japão.

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