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Emissão de registros de armas aumenta 202% em 2018; mas há quem devolva

PF de Cascavel registra tendência de crescimento nos últimos anos


Amanhã (22) fará uma semana que foi assinado o decreto que flexibiliza a liberação para registro de posse de armas no Brasil e enquanto o cessar fogo de opiniões, sobretudo nas redes sociais, está longe de acabar, o blog buscou qual a realidade de Cascavel no assunto. A leitura inicial é de que o decreto deve mudar pouco ou nada, ao menos nas estatísticas. Antes dele, o número de registros já vinha em uma tendência crescente. Nos últimos anos houve aumento neste tipo de liberação pela PF (Polícia Federal) de Cascavel. O blog teve acesso às estatísticas mais recentes da PF e nota-se que aumento mais exponencial deu-se depois que o delegado, Marco Smith, assumiu o posto. Ano passado, o número bateu recorde de três anos: quase 3 mil registros liberados em toda a abrangência. O curioso é que na contramão disso, ainda existem pessoas que procuram a PF para fazer a devolução. Números Em 2016, foram 1400 novas armas registradas. Em 2017, o número caiu para 968, mas ano passado, foram 2978. 202% a mais que em relação a 2017 e 112% acima dos registros liberados em 2016. Muita coisa estava represada e Smith atribuiu este aumento a sua gestão na delegacia. Ele deu agilidade e colocou o setor em ordem. E a mesma caneta do delegado que deferiu quase 3 mil registros, pesou nos indeferimentos. Ele negou 115 registros ano passado. "De um cidadão, eu não deferi porque percebi que ele não tinha condições". Há ainda números de renovações: foram 3.276 em 2018, sendo 1.274 de empresas e 2002 de pessoas físicas. É cedo para avaliar o impacto do decreto na realidade de Cascavel e região mas o cenário não desenha grandes mudanças. Desde que o decreto foi assinado, dos 115 registros indeferidos, houve três pedidos de reconsideração. Todos concedidos. DEVOLUÇÃO DA ARMA Na contramão da intenção de armar, mesmo com o decreto, segue valendo a regra do desarmamento. O governo continua pagando o cidadão que deseja devolver sua arma, independente da procedência dela, e recebe de R$ 150 a R$ 450 em troca. Dinheiro que o cidadão, após o encaminhamento burocrático e com a guia de liberação, saca no Banco do Brasil. No site da PF, consta o seguinte "Armas de fogo REGISTRADAS OU NÃO REGISTRADAS, de qualquer calibre e procedência, podem ser entregues à Polícia Federal, mediante recibo e indenização que varia de R$ 150,00 a R$ 450,00, dependendo do tipo de arma. Não haverá qualquer tipo de investigação em relação à origem da arma ou ao seu portador. O procedimento de entrega da arma de fogo prevê a emissão de uma guia de trânsito e preenchimento de 3 (três) vias de um requerimento de indenização que pode ser obtido clicando abaixo". A procura é pequena. A média de Cascavel varia de duas a três devoluções por mês, mas a proposta continua valendo. O QUE PENSA O DELEGADO? Em 66 municípios da região oeste, os pedidos de registros passam pelas mãos do delegado Marco Smith. Notadamente, ele é defensor de que as pessoas que não estão no crime tenham acesso a arma. Há mais de 15 anos tendo-as como ferramenta de trabalho e andando com um coldre o tempo todo, ele tem uma opinião convicta de que este é um caminho para que a população possa se defender. "A pessoa não precisa de mais que dois tiros para cima", exemplifica o delegado que durante a entrevista, me mostrou alguns vídeos de pessoas que souberam se defender de ladrões, usando a arma da forma correta. Mas e quem usa a arma de forma errada? E os acidentes? Smith citou o eletrodoméstico mais citado nas redes desde que ele saiu da boca do ministro Onyx Lorenzoni: "Há mais acidentes de crianças com liquidificador do que com arma de fogo. Outro exemplo, mais crianças morrem afogadas do que por acidente com armas". E alguém vai conferir se quem tem filhos ou familiar com deficiência metal vai guardá-las em um cofre? A resposta é não. Confiança na palavra, nos comprovantes e nas declarações do cidadão que vai pedir o registro é o pressuposto. "Vamos confiar na palavra do cidadão". Isso inclui que a pessoa está sendo honesta ao dizer que um cofre, por exemplo. Se o cidadão mentiu, estará sujeito a punições. Ele não esconde que o decreto, isolado e sem outras ações, não será suficiente. "Com o aumento da liberdade, é preciso aumentar a fiscalização".

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